Thursday, December 1, 2011

A Bomba

Fotos: https://www.dropbox.com/sh/1tkpnb5syqbsui0/AACo-yjDwzbKgFIhGvCS7rDya?dl=0

Nao temos uma privada high-tech na nossa nova habitação, uma perda.
Apesar disso, a privada tem algo diferente, existe uma
torneirinha em cima da caixa da privada, depois de dar descarga o
torneirinha começa a encher a caixa e você aproveita para passar uma
água na mão, bem engenhoso. O quarto nao possui cama, há um colchonete
que você estende sobre o tatame. Há ainda uma lanterna, cartazes de
economia de energia e o chuveiro tem um detalhe curioso. Ele meia a
água com a torneira. Ou você toma banho, ou você lava as mãos. Vou
postar fotos.

Acho que japonês sente muito frio, nos dois hostels o edredon era
cavalar. O negocio chega a ser pesado, e como nao sou friorento, acabo
acordando no meio da noite todo suado. Ando dormindo muito pouco aqui
no Japao, nao dormi nenhuma noite direto, sempre acordo. Meu organismo
ainda esta se adaptando. Alem disso, aqui esta muito seco (bem
Brasilia) e minha garganta esta sofrendo bastante.

A media luna japonesa eh diferente da nossa, eh bem leve e
amanteigada, muito boa. O cafe que tomei foi o pular Boss, toda VM
(máquinas de vender bebidas/comidas) tem, só ontem que me dei conta
que nessas máquinas existem bebidas frias e quentes. Achei uma máquina
em inglês e lá falava hot e cold, fica um sinal vermelho ou azul
abaixo da bebida. Sabendo disso estou ainda mais viciado, tomar cafe
quente em lata eh uma experiência interessante. Essas VM aqui do Japao
são muito boas, lembro que quando usava as do icex, alem de caras,
elas sempre me roubavam alguma grana.

Ontem a noite tentei descobrir o horário do trem bala, mas o time
table dos caras eh indecifrável, to mandando fotos disso.

Seguimos para Hiroshima, dessa vez iríamos pear dois trem bala. O
primeiro era o mesmo de ontem, o segundo nos pareceu mais velho. Pelo
que entendi, existem 4 companhias que administram o trem bala, uma
para cada região do Japao, as JRs (japan railways), claro que você nao
nota sofrença alguma dos serviços, tudo eh mt profissional e
padronizado (como tudo no Japao) por falar em coisas japonesas, notei
que as marcas japonesas que nos conhecemos estão em todos os lugares.
Aqui nao existem elevadores othis ou thysen, aqui eh mitsubushi,
fujitsu, etc. As empresas japonesas atuam nos mais diversos ramos,
você encontra exaustores e carros da mitsubushi. Depois dessa viagem,
tenho certeza que darei mais valor para as coisas Made In Japan.

Antes de embarcar no primeiro trem, arriscamos uma nova guloseima, um
palito de biscoito coberto com chocolate. A aparência do palito me
lembra demais aquele chips que era uma palito (alguém lembra o nome?).
Vocês devem ter reparado as inumeras fotos de comida, eh que toda vez
que vejo alguma comida ou bebida japonesa costumo experimentar,
escolher comida so pela aparência eh bem interessante.

Entramos por engano num vagão fumante, aqui eh proibido andar na rua
fumando mas pode fumar no trem. Outro fato curioso eh a desproporcao
de homens e mulheres fumantes, os Homens fumam muito mais que as
mulheres.

Notei que os japoneses tem muito orgulho de duas coisas: cha verde e
Shinkansen. Tem tudo de cha verde, sorvete, bolo, doce e ate Kit Kat
(meu chocolate preferido). Nas estações do tem bala você pode comprar
caneta trem bala, hashi trem bala, sacola trem bala, e ate Kit Kat
trem bala. Tirei fotos disso.

Os japoneses são cheio de coisas curiosas. Por exemplo, quase tudo tem
uma musiquinha, quando o trem bala vai parar por exemplo, ele nao da
um sinal e diz que vai parar. Ele toca uma musiquinha e diz alguma
coisa. Eles também adoram desenho de bichos, cartazes usam bichinhos,
ate o carrinho de suprimentos pro trem bala tinha um cartaz de bicho
pregado.

Alem das mascaras, os japas usam luvas. Todo serviço que lida com o
publico, guarda, segurança do metro, carregador, nego que empurra o
povo para dentro do metro (na hora de rush, para compactar o povo
existem funcionários do metro que gentilmente compacta a galera para
dentro do vagão. Mas nao pensem que eh algo parecido com aquele povo
de chicote nos trens urbarnos do RJ), enfim, eles usam luva. Ahhh, e
a luva eh branca e nuca esta muito suja, na verdade a roupa do povo
aqui eh impecável, observei dois pedreiros de uma obra, eles usavam um
macacão azul e um cinto branco, o bendito cinto eatava muito branco.
Parece que o povo sempre acabou de passar a roupa, eh impressionate.

Outro detalhe que reparei que aqui eles usam muito dinheiro em papel e
moeda. Nao eh todo lugar que aceita cartão d credito. A moeda também
faz sucesso, o telefone publico usa, o ônibus, o metro, as VM...
Fiquei pensando sobre isso, talvez, nossa modernidade de ter cartão
para tudo, seja meio besta. Tendo a acreditar que o pensamento deles a
esse respeito esteja correto, pois o nível de automações das coisas
aqui eh absurdo, quase tudo você consegue fazer sem interagir com uma
pessoa. Então, se eles preferem moeda, um bom motivo deve ter.

No meio do caminho percebemos que nosso trem bala eatava parando em
todas as estações, e por isso, demorando muito. Resolvemos descer e
trocar de trem. Com a troca iríamos gastar 10 minutos a Maia para
chegar a Hiroshima mas compramos um McDonalds para viagem. Comi um Mc
Pork, muito bom por sinal, e comprovei que o fast food aqui eh
realmente fast. Outra coisa legal que andamos num trem mais novo e
absurdamente mais rápido. Pelo que entendi, para cada percurso, existe
mais de uma linha. Cada uma com uma um tipo de carro e diferentes
paradas.

Chegando a Hiroshima a primeira surpresa, o transporte ate o parque da
paz (parque em lembrança a bomba) eh feito de bonde. No meio dessa
modernidade toda temos um bonde (eles tem metro, trem e ônibus para
completar). A cidade de Hiroshima eh impecável, eh tudo muito bem
cuidado, se nao fosse pelo parque, você nunca saberia que a cidade foi
devastada pela bomba.

Uma coisa que eh notável eh sinalização dos lugares. Geralmente você
nao precisa perguntar nada pra ninguém, basta seguir as placas. Lembro
que em Curitiba, simplesmente nao consegui pegar ônibus de linha sem
perguntar 300x para alguém.

Chegamos ao parque e a primeira coisa que se vê eh "A-Bomb Dome", uma
das poucas estruturas que resistiram a bomba. Por muitos anos
discutiu-se se o prédio deveria ser demolido, a lembrança da bom traz
muito sofrimento ao povo japonês, ate que o conselho da cidade
resolveu conservar o lugar, uma campanha foi feita e fundos foram
arrecadados para manter o lugar, que posteriormente foi declarado
patrimônio da humanidade

O parque impressiona pela beleza e conservação, tudo eh
milimetricamente cuidado. Existem varias pecas em relação ao ocorrido.
Uma estatua lembra a história de Sasaki Sadako, uma garotinha de 12
anos que teve câncer por causa da bomba e na esperança de se curar
começou a fazer origamis (existe uma lenda no Japao que diz, qualquer
um que fizer 1000 origamis terá um desejo realizado). Sasaki completou
644 e morreu. Uma colega de classe ficou tão comovida que completou os
1000 e fez uma campanha para arrecadar fundos para contruir um
monumento.

Depois de bater perna resolvemos entrar no museu, para a nossa
surpresa existia um audio guide em português brasileiro. Começamos o
passeio e fomos escutando a história da bomba, existem maquetes que
mostram o antes e depois, eh bem impressioante.

No esforço de guerra varias crianças foram usadas, alem de
praticamente toda a riqueza do pais, no auge, mais de 80% da riqueza
eatava empregada na guerra (ate as panelas era doadas), o povo todo
participava.

Bem, tudo estava indo bem ate que as vitimas da bomba deixaram de ser
apenas numeros (80.000 morreram instantanemte e outras 60.000 nos dias
seguintes) começaram a ter nomes e caras.

Quando comecei a ouvir a história de algumas vitimas, um no na
garganta. Quando você vê os uniformes escolares queimados, escuta que
a pele das crianças se descolava do corpo, nao tem como ficar imune.
Eh impossível nao ficar revoltado com os EUA, com o tamanho do absurdo
que cometeram. Antes de vir ao Japao li esse relato (http://arnobiorocha.com.br/2011/05/04/cronicas-do-japao-xii-hiroshima-nossa-dor/)
e fiquei impressionado, mas nao há como descrever o sentimento que se sente,
realmente eh necessário estar aqui para sentir. Foi a coisa mais
triste que já escutei na vida. Recomendo demais a leitura, ele
traduziu muito bem o sentimento.

Eh realmente incrível o poder de superação desse povo. O acidente foi
em 46 e a cidade eh impecável. Se fosse no Brasil, ate hoje seria uma
área isolada, com as verbas para a reconstrução desviadas.

A medida que ia escutando as historias, mais triste ficava ate que
fomos interpelados por uma simpática e funcionaria do museu. Ela nos
disse que a sua função no museu e conversar com as pessoas a respeito
das armas nucleares, mas acabamos falando de vários assuntos. Ela
perguntou se o Brasil já tinha entrado em alguma guerra, e soh lembrei
da lambança que fizemos no Paraguai. Falamos de transporte publico, e
da falta de metro de verdade no Brasil, e elogiei muito o metro deles
(ela me pareceu nao concordar que o metro japonês eh excelente. Para
vocês terem uma idéia, nem CNH ela tinha Ela se mostrou bem
interessada no nosso pais.

Ela nos contou que a bomba foi jogada no centro de Hiroshima e que
aquilo foi uma sacanagem. Pois nos arredores da cidade que ficavam as
bases mitares. Os americanos queriam matar civis. Ela disse também que
depois do ultimo acidente nuclear eles estão pensando em abandonar
esse tipo de energia. Se Tm algum povo que eh capaz de fazer isso, são
os japoneses. Ela nos perguntou se tínhamos usinas nucleares, citei
angra mas disse que a maioria da nossa energia vem da água.

A conversa serviu para nos deixar um pouco mais animado, aquelas
historias tinham nos deixado muito para baixo. A nossa nova amiga se
despediu com um sorriso no rosto.

Pegamos o bonde de volta para a estação central, entramos um trem e
chegamos a estação de ferry boat. Nosso destino era a ilha de
Miyajima, um dos lugares mais visitados do Japao.

Na água você já vê o grande Itsukushima Shrine, o Shrine mais famoso
do pais. Eh realmente muito bonito, uma paisagem única. A ilha eh
muito bonita, tem diversos templos, aquário, etc. Devido ao nosso
contratempo matinal, chegamos um pouco tarde e só deu tempo de visitar
um templo.

Na ilha os bichos convivem pacificamente com as pessoas, logo que
começamos a caminhar vimos um bicho (nao sei o nome, tem foto dos
danados), na verdade vários deles. Eles passam ao seu lado se dar a
menor confiança, eh como se nao existíssemos.

Fim de passeio, ferry boat, trem e Shinkansen para Kyoto. Antes de
embarcar mais um Mc. Dessa vez uma torta de batata com bacon (o
Almeida deve ter ficado com inveja com os dois momentos McDonalds)

Chegando a Kyoto comi um macarrao com polvo num restaurante no subsolo (aqui eh cheio disso, predios soh com restaurantes) e fomos para o hostel.

Claro que os dois lugares que fomos estavam entupidos de japoneses, os
caras fazem muito turismo domestico. Outra curiosidade eh o número de
excursões de colégio, em todo lugares que fomos uma quantidade enorme
de crianças.

Outros fatos que reparei. A cortesia desse povo chega a tal ponto que
o condutor do bonde cumprimenta um a um os passageiros que descem. E
por ultimo, a quantidade de idosos eh impressionante, eles estão por
todos os lugares.

Aquele abraço.
Augusto

PS: hoje fez um frio ABSURDO, como nao levei blusa extra, passei um
aperto danado.
PS2: nao vi nenhum pachinko em Hiroshima.

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